Padrões que impactam e transformam seu ambiente.
Áris
Com Áris não tem risco. Só elogios.
RUC
Resistente a umidade e cupim.
MDF Cru
G-Door, Mega MDF, Multi-Ripas e muito mais.
A nova prática mostra possibilidades para um design mais humanizado, sustentável e conectado à tradição
Blog/Por Sharon Abdalla
O design e a arquitetura estão em constante evolução, buscando soluções para os desafios do nosso tempo. O colapso climático exige respostas rápidas, eficazes e sustentáveis para os modelos de produção e de consumo, ao mesmo tempo em que o avanço acelerado da tecnologia direciona nosso olhar para um design cada vez mais centrado no ser humano.
Um exemplo recente dessa abordagem é a campanha da 63ª edição do Salone del Mobile.Milano, o mais importante evento mundial do setor. Batizada de “Thought for Human”, ela enfatiza que os projetos devem, mais do que nunca, responder às necessidades humanas, baseando-se em três pilares essenciais: fabricação industrial, inovação sustentável e inteligência emocional.
A esses elementos, soma-se um quarto componente fundamental: o artesanato digital. O termo, que pode parecer paradoxal à primeira vista, descreve a potencialidade da fusão entre saberes e técnicas artesanais com tecnologias avançadas, resultando em produtos altamente funcionais, eficientes e esteticamente sofisticados.
Essa convergência entre o artesanal e o digital se manifesta de diversas formas. Um exemplo é a utilização de matérias-primas tradicionais combinadas a ferramentas tecnológicas, como a impressão 3D. O designer holandês Olivier van Herpt, por exemplo, utiliza essa tecnologia para criar vasos e objetos decorativos em porcelana branca pura, mantendo a estética artesanal com a precisão da manufatura digital.
Outro exemplo é o pendente Haibu, de Vittorio Paradiso para Paolo Castelli, que insere outro elemento à estética da peça: o detalhe tramado que reproduz o efeito visual e a textura da trama manual das cestarias em fibra natural, como vime ou rattan, ao produto industrializado, criando uma ponte entre a tradição e a inovação.
A aplicação de cortes a laser e de tecnologias de impressão digital para reproduzir padrões complexos inspirados na marchetaria tradicional é outro desdobramento do artesanato digital. Essa técnica milenar, que combina diferentes tipos de madeira para formar desenhos intrincados, exige um trabalho minucioso e altamente especializado. Com o auxílio da tecnologia, esse processo ganha escala, tornando-se mais acessível ao replicar o efeito visual da marchetaria artesanal em diversas superfícies.
Um exemplo dessa aplicação são os padrões de MDF Mageo, da Linha Madeiras Geométricas, da Guararapes. Por meio da impressão rotográfica e da textura sincronizada ao desenho, ele reproduz o trabalho em marchetaria artesanal, conferindo às chapas aspecto que remete à madeira entalhada manualmente. Esse acabamento sofisticado é ideal para a produção de móveis e painéis decorativos, combinando tradição e inovação em um único material.
A estética do trançado manual não se limita à cestaria e à marchetaria e se estende também às rendas e ao crochê. Técnicas têxteis profundamente ligadas aos saberes artesanais, elas têm sido reinterpretadas por meio do artesanato digital. Com o uso da modelagem generativa e da impressão 3D, é possível criar estruturas que emulam o entrelaçamento manual dos fios. Além disso, a tecnologia possibilita a preservação de peças produzidas à mão, que são reinterpretadas em novas funções.
É o caso da coleção Rendas, assinada pelo designer Pedro Franco. A partir de um acervo particular com mais de 50 rendas garimpadas em feiras de artesanato e viagens de trabalho pelo Brasil, Franco desenvolveu uma coleção de mobiliários na qual as rendas são enrijecidas e eternizadas por meio de um banho de metal, sendo incorporadas a tampos e encostos de mesas e cadeiras. O trabalho artesanal também serviu de base para o desenho de rendas autorais recortadas a laser em aço banhado em cobre, que dão forma a aparadores e armários e expandem ainda mais as possibilidades dessa estética.
No universo dos acabamentos decorativos, o apelo têxtil aliado à tecnologia também se reflete em texturas inovadoras, como a Soft Square, que reproduz a trama do tecido de algodão nas superfícies de alguns padrões de MDFs.
O artesanato digital representa, assim, um caminho para um design mais humanizado, sustentável e conectado à tradição. Ao unir o passado e o futuro, essa abordagem permite que designers e indústrias desenvolvam produtos que resgatam a memória e a cultura artesanal sem abrir mão da eficiência produtiva e da inovação.